A inauguração da 2ª Mostra Nacional da Produção das Margaridas, ocorrida na noite desta sexta-feira, 22 de março, contou com um momento forte e carregado de emoção com João Bello e Susi Mont Serrat com poemas e músicas sobre a água, a vida no campo e sobre as mulheres.
O ato político teve a presença do presidente da CONTAG, Alberto Broch, da secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais, Carmen Foro, da vice-presidente e secretária de Relações Internacionais, Alessandra Lunas, da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, do secretário de Agricultura do Distrito Federal, Lúcio Valadão, da diretora de Políticas para as Mulheres Rurais e Quilombolas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Karla Hora, da superintendente de Habitação Rural da Caixa Econômica Federal (CEF), Noemi de Aparecida Leme, da representante do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE), Maria Verônica de Santana, de toda a Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais e dos outros diretores da CONTAG e das Federações filiadas.
Ao abrir o ato, o presidente da CONTAG disse que todos e todas estão em Brasília nesses três dias para realizar o grande sonho das trabalhadoras rurais que é essa grandiosa Mostra. “Elas são capazes de produzir, industrializar, comercializar e utilizar os alimentos de forma natural. E o mais importante é dar visibilidade à produção das mulheres e a sua importância econômica, social e cultural para todo o país”. Broch disse também que a CONTAG quer continuar na luta da inserção econômica e política das mulheres trabalhadoras rurais. “Valorizando-as, entendemos que estamos valorizando a família e a vida. O Brasil sustentável e desenvolvido que tanto queremos tem que ser pensado com as mulheres fortalecidas e empoderadas. Queremos um campo com gente, com rosto humano, onde as pessoas tenham orgulho de ser trabalhadores e trabalhadoras rurais”.
A superintendente de Habitação Rural da CEF iniciou seu discurso destacando a importância da luta e das conquistas das margaridas. Também falou da mudança da postura da instituição ao começar a oferecer programas e serviços específicos à população do campo, como a habitação rural. “Até 2009 não se trabalhava a habitação rural na Caixa. Foi uma grande conquista dos movimentos sociais. Em 2011 foi criada a Superintendência de Habitação Rural. Agora, os assentados foram incluídos nessa política e as mulheres têm prioridade na assinatura dos contratos”.
Em seguida, o secretário de Agricultura do DF ressaltou que o governador Agnelo Queiroz tem conseguido trazer um novo protagonismo da agricultura familiar no Distrito Federal. “Nós triplicamos, desde o início do mandato, o número de agricultores familiares com Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). E o BRB passou a operar crédito rural. Isso só traz vantagens ao agricultor.”
A representante do MMTR-NE, que falou em nome de todas as organizações parceiras, enfatizou a grande alegria e importância dessa Mostra. “Alegria porque, depois da Marcha das Margaridas, em agosto de 2011, nos encontramos aqui. Importância porque nós mulheres somos responsáveis pela biodiversidade, produção e cultura das nossas regiões. Apesar das dificuldades, estamos aqui com os nossos grupos produtivos. Continuamos em Marcha!”
Já Eleonora Menicucci se emocionou logo no início ao falar da emoção que sentia naquele momento por estar ali como ministra da SPM no governo da primeira mulher presidenta da República. Ela relembrou a sua trajetória e sua vivência com Margarida Maria Alves, em Alagoa Grande, na Paraíba. “Eu tive a honra de trabalhar e aprender com ela tudo sobre as trabalhadoras rurais. Quis o destino que eu carregasse o caixão dela. Aquilo me fez ser obcecada em tirar essas mulheres da invisibilidade.” A ministra também disse que esse evento é fundamental para avançar a agricultura familiar e as políticas públicas para as mulheres. “Não existe desenvolvimento econômico e sustentável sem a mão e o suor das trabalhadoras rurais do país. Em cada iniciativa identificamos não só a diversidade, mas também a qualidade da produção”.
Por fim, Carmen Foro também emocionou ao destacar o protagonismo das mulheres trabalhadoras rurais na luta pela transformação desse país. “A nossa volta à Brasília vem com o peso das 100 mil mulheres que participaram da Marcha das Margaridas. Por isso, precisamos evoluir no debate da autonomia das mulheres e, junto com tudo isso, temos que avançar em algumas questões, como no enfrentamento à violência e na divisão sexual do trabalho”. A dirigente destacou ainda: “Nós, mulheres trabalhadoras rurais, queremos construir um outro país, igual para homens e mulheres, onde a autonomia e o enfrentamento à violência estão no centro”.
O ato de inauguração foi encerrado com todas as trabalhadoras rurais cantando emocionadas: “Para mudar a sociedade do jeito que a gente quer, participando sem medo de ser mulher...”
PROGRAMAÇÃO - A 2ª Mostra das Margaridas acontecerá até domingo, 24 de março, no Complexo Cultural da Funarte, no Eixo Monumental, em Brasília. Nos próximos dois dias, o evento estará aberto à visitação de 8h30 às 22h00. A entrada é gratuita. A população de Brasília poderá conhecer e comprar produtos típicos da agricultura familiar, como doces, pães, biscoitos, bombons, mel, artesanatos, alimentos agroecológicos e orgânicos, dentre outros.
Na manhã do sábado também serão oferecidas oficinas, como de aproveitamento de alimentos (9h às 10h) e hortas em pequenos espaços (10h às 10h30). Não serão cobradas taxas para participar. Além disso, em todos os dias acontecerão apresentações culturais regionais.
|