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sábado, 18 de agosto de 2012

Plano Brasil Sem Miséria incentiva agricultor no interior de Pernambuco











A carne é saborosa e nutritiva. Os ovos são maiores e com gemas mais pigmentadas. Assim são os derivados da galinha caipira, com importantes ingredientes para os adeptos da alimentação ambientalmente sustentável, nicho de mercado cada vez mais difundido no Brasil. Criadas em ambientes com baixo nível de estresse e alimentação orgânica, as aves representam segurança alimentar para trabalhadores rurais do nordeste brasileiro, como Ailton José de Freitas, mais conhecido como Ailton das galinhas.

Nos 30 hectares de terra do Sítio Cova do Anjo, em Ouricuri (PE), Ailton cria galinhas. As aves são sua fonte de renda durante todo o ano. O agricultor familiar está entre os 8,7 mil titulares do Plano Brasil Sem Miséria (PBSM) aptos a receber a primeira parcela do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, recurso destinado às famílias para a organização produtiva das propriedades. Ailton vai aplicar o dinheiro na construção de um galpão para a criação das aves. “Eu acredito que esse apoio será para o nosso crescimento”, conta.

Um dos pilares do Brasil Sem Miséria no meio rural é a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), política articulada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Depois de selecionados, os agricultores são assistidos por técnicos que realizam diagnósticos da Unidade de Produção Familiar (UPF) e, posteriormente, elaboram o Projeto de Estruturação Produtiva e Familiar. Somente no primeiro semestre de 2012, o serviço de Ater chegou em 129 mil famílias em todo o país. O pagamento do fomento é vinculado a esse projeto de estruturação

Alternativa à Seca
A seca é um desafio para os agricultores familiares da região e a criação de pequenos animais representa uma alternativa viável para a manutenção da comida na mesa. Ailton nasceu no meio rural e aos cinco anos de idade mudou-se com a família para a área urbana do município. Quando, aos 18 anos, conheceu a esposa, uma agricultora familiar, ele viu o sonho de regressar às origens realizado. “Eu sempre gostei do sítio”, relata.

Após dez anos de dedicação ao plantio de milho e feijão, Ailton identificou na avicultura caipira a alternativa para enfrentar os períodos de estiagem. “Sempre criei galinha, mas não vendia. Quando comecei a andar nas feiras da cidade passei a ter vontade de criar e negociar”, explica.

Hoje, aos 45 anos, em seu pedaço de terra ele possui 20 galinhas, quatro porcos e dez ovelhas. A rotina se divide entre as vendas, às quintas-feiras e sábados, nas feiras do município e o cuidado com a esposa e os dois filhos. Mas Ailton não fica parado. Vende, também, galinhas e ovos por encomenda quando solicitado.

Vivas ou abatidas, as aves são ofertadas com preços entre R$ 15 e R$ 25, de acordo com o tamanho. O trabalho gera, em média, R$ 250 por mês, valor que o enquadra no grupo com renda até R$ 70 por pessoa assistido pelo Brasil Sem Miséria.

Ailton utiliza o modelo de avicultura caipira solta. As galinhas ficam livres pela propriedade e, além de milho, ingerem insetos e parte da vegetação rasteira. Quando o objetivo é a venda das galinhas abatidas, é necessário que elas vivam por um período mínimo no modelo de confinamento, o que agrega valor ao produto final.

O atual espaço disponível do agricultor é restrito e o recurso do Plano Brasil Sem Miséria será uma revolução em sua vida.“Esse programa vai ser muito bom, pois eu vou ter o dinheiro pra construir o galinheiro”, afirma. Com os R$ 2,4 mil pagos pelo plano ele espera ter a criação ampliada para 50 galinhas e a renda familiar para R$ 450 mensais.

Ater
A técnica Aline Onório dos Santos atua em Ouricuri e é responsável pelo projeto do agricultor Ailton. Moradora da área rural, agricultora familiar e professora formada em Letras, Aline revela o amor que sente pelo trabalho com a terra. “Lecionei durante três anos, mas sempre participei de oficinas e seminários voltados para o trabalho com a terra. Quando vi a chamada para capacitação do Brasil Sem Miséria pedi afastamento da escola”, conta ela, que hoje se dedica exclusivamente ao trabalho com agricultores familiares. “Tem que ter amor pela terra e é esse amor que tentamos estimular”, continua.

O contato entre os técnicos e as famílias beneficiadas é bastante próximo e, muitas vezes, se consolida em amizade. “Viajo longas distâncias para visitar propriedades e sou recebida com tanto carinho. Por vezes, até durmo na casa das famílias. É muito gratificante”, relata Aline. O agricultor familiar Ailton demonstra gratidão ao falar do apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário por meio da Ater e revela considerar Aline como membro da família. “Somos muito amigos”, define.